Páscoa – Somos Obrigados a Comer Peixe?
Estamos mais uma vez às voltas com comemorações ou eventos atinentes ao massacre do Cristo ocorrido há cerca de dois mil anos, num período em que os judeus denominavam "Páscoa", ou seja, em que eles comemoravam a libertação do cativeiro egípcio.
E o massacre de Jesus deu-se justamente neste período comemorativo dos judeus.
Alguns séculos depois, a denominada "igreja" passou a chamar este período de "semana santa".
E, a partir daí, surgiram celebrações e proibições, que os seguidores desta igreja, que dominava o mundo ocidental, foram obrigados a observar.
Os poucos que ousaram questionar os dogmas e determinações da igreja, a partir da Idade Média, tiveram como destino as fogueiras da chamada "Santa Inquisição", pagando com a vida o seu atrevimento.
E o tempo passou. Chegamos ao século 21. As posturas e dramatizações são praticamente as mesmas pelos seguidores desta religião e até por aqueles que seguem outras denominações religiosas, sob sua influência, numa flagrante demonstração de escravidão psíquica que ultrapassa os séculos.
Muitas pessoas ainda hoje agem cegamente sem questionar, por exemplo, por que são obrigadas a comer peixe na tal sexta-feira, dita "santa". Todo o ano é a mesma coisa. O peixe tem o preço elevado neste período justamente porque as pessoas, nos ditos países cristãos, correm atrás dele. Ninguém pode ficar sem comê-lo, tal é a introjeção das determinações da igreja dominadora no passado. E aquela famosa lei (oferta e procura) sempre entra em ação e os oportunistas não se fazem de rogados, aproveitando-se dessa dita "tradição".
E o coelhinho? E os ovos de chocolate? O que tem tudo isso a ver com Jesus?
Com certeza, nada.
Explicações infundadas encontram-se em pencas. No entanto, nenhuma que tenha algum fundamento sério. Os homens foram inventando coisas, arranjando explicações que nem as crianças dos dias atuais acreditam, chegando ao ponto de deturparem a grandiosa missão de Jesus, que veio trazer a “Boa Nova” à Terra.
A essência da mensagem foi esquecida, dando-se preferência a questões que nada acrescentam, que iludem, atrapalham e que até geram culpa em muitos, como se todos fôssemos responsáveis pelo massacre perpetrado há mais de dois milênios.
Mas tudo isso ficou para trás (ou deveria ter ficado).
O que importa realmente é a mensagem do Enviado Celeste. E será que entenderam? Pelo visto, pouca gente entendeu a mensagem de Jesus nos chamados evangelhos.
O Cristo veio esclarecer-nos sobre o que somos, sobre as nossas mazelas e o modo de modificarmos as causas dos nossos sofrimentos. Falou da importância da caridade, ou seja, o que tem real valor para Deus. Ensinou que a vida continua fora da Terra e que existem outras moradas, outros lugares, materiais e espirituais, neste Universo infinito, sem limitações de qualquer ordem. Mostrou que o Ser Supremo é um Pai Amoroso, que só quer a nossa felicidade.
Tendo em vista que todo o ano é a mesma coisa, com enfoque negativo sobre a figura do Cristo e de Judas, repetindo dramatizações e posturas religiosas contraditórias, sem levar em consideração os ensinos do próprio Embaixador Celeste, trazemos aos leitores a visão Espírita sobre tal acontecimento, de modo a termos uma panorâmica bem mais ampla, sob a orientação dos Espíritos Superiores, que realizam a vontade de Deus em todo o Universo.
Assim, nossa preocupação, neste período, em que novamente estamos voltados para a comemoração denominada de "Páscoa", que os judeus comemoravam por outro motivo, mas que hoje, infelizmente, muitas pessoas continuam preocupadas em comer peixe e muito chocolate, esquecendo a essência dos ensinos do Enviado Celeste, numa flagrante distorção do seu significado original.
Na comemoração pascal judaica, há dois mil anos, Jesus vinha sendo investigado por judeus e romanos em virtude de suas ideias, bem diferentes, estarem sendo disseminadas por toda a Palestina e países vizinhos, chegando até Roma, sede do império romano.
Tudo estava armado para aquele período. O próprio Cristo, que é um Espírito Superior, avisava para seus seguidores que ele seria sacrificado, mas eles não queriam acreditar. Dizia que seria morto, mas que voltaria no terceiro dia.
Assim, tudo ocorreu como ele avisara. Jesus foi preso e rapidamente condenado, pois os sacerdotes judeus queriam se livrar dele o quanto antes, haja vista que ele era uma ameaça às suas posições cheias de regalias, vivendo às custas do povo. Mataram o homem, mas não mataram suas ideias, que permaneceram pelos milênios a fora.
Contudo, o mais importante já estava feito: Ele deixara um ensino que se perpetuaria pelos séculos a frente.
Após consumada sua morte, Jesus demonstrou, cabalmente, à Humanidade, que ninguém morre e que a vida continua plena em outras dimensões. Reapareceu no domingo, no terceiro dia, e materializou-se por cerca de 40 dias em várias oportunidades, junto aos apóstolos.
Mas nem tudo fluiu com naturalidade aqui na Terra após seu retorno ao Mundo Espiritual. Os homens, por estarem num nível evolutivo ainda baixo, juntamente com Espíritos inferiores que pululam ao redor do planeta, fizeram o possível para apagar, distorcer e obnubilar a mensagem do Cristo. Para tanto, fundaram uma religião aos moldes de um império, dizendo-se representantes do Cristo na Terra, com muita riqueza e poder, instituíram rituais e crendices totalmente contrárias à simplicidade da mensagem crística, e passaram a dominar os povos onde puderam penetrar os seus tentáculos, empobrecendo as populações e destruindo quem não se dobrasse aos seus dogmas.
Desse modo, foram dezoito séculos de total ignorância do real motivo da estada do Cristo aqui na Terra. Embora fosse necessário que o homem evoluísse um pouco mais, para então poder assimilar com profundidade os ensinos que foram ministrados pelo Enviado Celeste, a Humanidade terrestre passou por um longo período de obscurantismo, com perseguições e com as chamadas "guerras religiosas", num verdadeiro período de trevas.
Mas, graças a Deus, evoluímos. Não fomos criados para ficarmos estagnados. Aos poucos, fomos nos conscientizando de quem realmente é Jesus, e quem somos. A partir do século 19, passamos a ter a maravilhosa contribuição dos Espíritos mais elevados, com uma visão bem diferente das ideias distorcidas e ultrapassadas que perduraram por cerca de dezoito séculos, e, totalmente contrárias as que o próprio Cristo legou-nos nos Seus ensinos relatados por várias pessoas, nos vários evangelhos, alguns ditos oficiais (escolhidos e adulterados pela Igreja), além de muitos outros denominados de apócrifos, com informações preciosas, mas que foram descartados por esta mesma igreja, por falta de conveniência.
Hoje, em pleno século 21, muitas pessoas do Ocidente ainda conservam crendices e medos, que foram introjetados por muitos séculos pela igreja dominadora.
Já é tempo de utilizarmos nossa inteligência, desenvolvida ao longo dos milênios, para darmos um basta nestas bobagens, por exemplo, de ter que comer peixe na sexta-feira considerada santa, que não passa de um dia qualquer.
E mesmo que consideremos a sexta-feira um dia especial, de quem estamos tratando? Jesus não se fez de vítima, como sói acontecer conosco todos os dias, pois vertemos lágrimas e gostamos de ser tratados como coitadinhos, sempre esperando chocar as pessoas por alguma coisa trágica que nos tenha acontecido ou com alguém da nossa família ou algum amigo.
Jesus avisou o que passaria e o que aconteceria após a sua morte física. E tudo aconteceu como ele previu.
Se Jesus mostrou por que sofremos, como devemos evitar o sofrimento e como enfrentar o sofrimento sem vitimismo, dignamente, por que deveríamos todo o ano comemorar o seu massacre, tomando uma postura dolorosa, comendo certas comidas, que não tem nada a ver com o sucedido, fazendo coisas que ele nunca recomendou, uma vez que foi somente o massacre do corpo físico e não do seu Espírito Superior?
Se ele, simbolicamente, partiu o pão e tomou o vinho, foi simplesmente para que seguíssemos o seu exemplo de humildade e de amor, que tivéssemos atitudes positivas diante da vida, nada tendo a ver com seu corpo e seu sangue, que eram coisas materiais, temporárias, perecíveis, pois, o Espírito é muito mais importante do que a matéria. A matéria se transforma, mas o Espírito conserva eternamente a sua essência.
Luiz Alberto Cunha da Silva